O Brasil se depara com uma transformação social profunda ao viver uma das transições demográficas mais rápidas da história. Com o avanço da expectativa de vida e o aumento do número de idosos, o sistema de saúde é chamado a se adaptar para garantir qualidade de vida e bem-estar.
Dados do Censo de 2022 apontam que 10,9% da população brasileira tem 65 anos ou mais, um salto expressivo em relação aos 7,4% de 2010. Projeções indicam que, até 2070, os idosos alcançarão 37,8%, ultrapassando 75 milhões de pessoas. Esse cenário impõe desafios inéditos ao SUS e à própria sociedade.
O envelhecimento implica prevalência crescente de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer, demandando acompanhamento contínuo e uso intenso de medicamentos. Além disso, a necessidade de reabilitação, fisioterapia e assistência domiciliar torna-se mais evidente.
Para 2025, o orçamento federal em saúde está projetado em R$ 245 bilhões, valor significativo, mas desafiador diante do crescimento da demanda. A Previdência Social, diretamente impactada pelo envelhecimento, terá gasto de quase R$ 1 trilhão.
Entre 2013 e 2023, o investimento em infraestrutura e recursos humanos caiu 64,2%, de R$ 16,8 bilhões para R$ 6 bilhões. Apesar disso, o orçamento para sofisticados tratamentos de atenção especializada cresceu 34% entre 2022 e 2024, chegando a R$ 74,7 bilhões.
O aumento nos recursos permitiu recordes de consultas, exames e cirurgias no SUS em 2024, além de atrair novos especialistas.
O investimento de R$ 561 milhões em ciência, tecnologia e inovação em saúde em 2025 supera em cinco vezes a média dos últimos anos. Projetos nas áreas de Saúde da Mulher, Oncologia e Doenças Negligenciadas ganham destaque, com liderança de 55% por mulheres.
Além dos investimentos financeiros, iniciativas de digitalização de prontuários e monitoramento e prevenção de agravos em idosos ganham força, promovendo eficiência e redução de custos a longo prazo.
Para enfrentar de forma sustentável o processo de envelhecimento, é fundamental fortalecer a atenção primária e aproximá-la dos serviços de média e alta complexidade, garantindo um fluxo contínuo de cuidados.
A educação em saúde preventiva, a prevenção e promoção do envelhecimento saudável e a cobertura vacinal ampliada são pilares para reduzir custos e melhorar a qualidade de vida.
Essas estratégias, aliadas a infraestrutura e políticas de formação continuada, criam um ambiente de cuidados humanizados e eficientes.
O desafio de equilibrar orçamento e expansão dos serviços de saúde exige cooperação entre governo, iniciativa privada e sociedade civil. Somente com políticas integradas envolvendo saúde, previdência e assistência social será possível garantir um futuro digno e saudável para milhões de brasileiros.
O envelhecimento populacional, embora imponha desafios financeiros e estruturais, também representa uma oportunidade única para repensar modelos de cuidado e fortalecer valores de solidariedade e respeito à experiência de vida.
Referências