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Fundos com baixa volatilidade ganham tração em tempos incertos

Fundos com baixa volatilidade ganham tração em tempos incertos

16/05/2025 - 17:50
Maryella Faratro
Fundos com baixa volatilidade ganham tração em tempos incertos

Em meio a um mercado cada vez mais desafiador, investidores buscam caminhos que ofereçam retornos consistentes com baixo risco. No Brasil de 2025, onde a inflação se projeta em 5,5% e a Selic pode chegar a 15%, a segurança passou a ser prioridade para quem deseja proteger capital e garantir fluxo de renda. Fundos com baixa volatilidade despontam como soluções ideais para quem almeja resiliência financeira diante de cenários instáveis.

Entendendo o cenário econômico de 2025

O ano corrente ainda carrega as marcas de debates sobre reforma tributária e autonomia do Banco Central. Crescimento modesto de 1,6% do PIB e inflação elevada exercem pressão sobre ativos arriscados. Nesse contexto, investidores conservadores e moderados migraram recursos para produtos atrelados à renda fixa, enquanto fundos imobiliários de menor volatilidade ganharam protagonismo.

Sem abrir mão de rentabilidade, esses investidores valorizam cenário de incertezas econômicas que exige escolhas fundamentadas na qualidade dos ativos e na consistência de distribuição de rendimentos.

Desempenho dos fundos imobiliários de baixa volatilidade

Contrariando o tradicional mantra “mais risco, mais retorno”, estudos recentes demonstram que FIIs de baixa volatilidade superaram os de alta volatilidade em performance e eficiência de risco. Entre 2018 e 2023, fundos de tijolo com perfil conservador apresentaram retorno médio anual de 10,7%, comparado a apenas 5,5% dos fundos mais voláteis e também acima do IFIX.

O indicador de Sharpe reforça o prêmio em eficiência de risco oferecido por esses fundos. Gestores atribuem esse desempenho à seleção criteriosa de imóveis, contratos de longo prazo e exposição a setores resilientes, como logística e varejo alimentar.

A força dos fundos de crédito privado

Além dos FIIs, fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e fundos de crédito privado têm se destacado. A Resolução 175 da CVM trouxe maior segurança jurídica aos FIDCs, ampliando o interesse de investidores pessoa física.

Em 2024, o volume recorde de emissões de dívida privada reforçou a demanda por produtos que unem segurança jurídica ampliada e retornos superiores à renda fixa tradicional. Debêntures bem garantidas e carteiras diversificadas garantem volatilidade controlada, elevando a atratividade desses fundos.

Razões para a preferência por fundos de baixa volatilidade

  • Manutenção de fluxo de dividendos estável
  • Menor risco de perda de capital em crises
  • Foco em setores com resiliência comprovada
  • Gestão ativa e profissional na seleção de ativos

Esses fatores têm impulsionado recursos tanto de grandes instituições quanto de investidores de varejo. Exemplos como o KNCR11 (Kinea Rendimentos Imobiliários) e o VCJR11 (FII de recebíveis) ilustram essa tendência: carteiras diversificadas, pós-fixação em índices de inflação ou juros e alta liquidez são características comuns.

Como investidores podem se posicionar

Para quem deseja aproveitar essa onda de segurança, é fundamental seguir algumas diretrizes práticas. A pesquisa criteriosa de histórico e composição de carteira, a análise de liquidez diária e a avaliação do time gestor são passos indispensáveis antes de qualquer decisão.

  • Verificar volumes negociados e histórico de distribuição
  • Avaliar qualidade dos contratos e garantias associadas
  • Comparar métricas de Sharpe e retorno versus índices de referência
  • Manter carteira balanceada e revisar periodicamente

Estratégias de diversificação e rebalanceamento ajudam a preservar ganhos e mitigar eventuais choques de mercado. Inclua uma mescla de FIIs e fundos de crédito privado, ajustando pesos conforme seu perfil de risco e objetivos de retorno.

Visão de especialistas

Segundo Caio Nabuco de Araujo, da Empiricus, “esses fundos conseguiram, especialmente em momentos de estresse, sustentar uma política de rendimento e, consequentemente, um rendimento mais sólido.” Já Clara Sodré, da XP Investimentos, destaca que “os FIDCs têm atraído investidores pessoa física devido à sofisticação e à segurança jurídica oferecida pela Resolução 175.”

Com juros elevados e incertezas no horizonte, perfil conservador e moderado encontra nos fundos de baixa volatilidade um porto seguro para navegar pelas incertezas econômicas. A combinação de estabilidade e potencial de retorno atrai cada vez mais olhares.

Considerações finais

Em um ambiente marcado por inflação alta e crescimento econômico contido, a busca por eficiência de risco se intensifica. Fundos de baixa volatilidade se consolidam como alternativa para quem deseja proteger patrimônio e garantir rendimentos consistentes.

Ao alinhar análise técnica, qualidade de ativos e governança, investidores encontram nesses fundos uma forma de enfrentar choques de mercado sem renunciar a ganhos atrativos. Em tempos incertos, a solidez torna-se o maior diferencial.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Faratro